A CNH Industrial, multinacional italiana dona das marcas Iveco, New Holland e Case, aproveita a localização estratégica de uma de suas fábricas no Brasil — dentro do “Vale do Silício da Agricultura”, em Piracicaba (SP) — para fazer parcerias e acompanhar de perto as soluções tecnológicas que brotam de um centro de inovação que reúne 25 startups e que tem 900 na base de dados.
Em dois anos, a empresa fechou contrato com seis startups do Pulse, como é chamado o hub de inovação criado pelo Grupo Raízen, que atua nos setores de distribuição de combustíveis, geração de energia, açúcar e etanol. A vizinhança do Pulse ajuda a criar um ambiente favorável à inovação, por reunir polos importantes de pesquisa, como a ESALQ-USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz), a Escola de Engenharia de Piracicaba, a Universidade Metodista de Piracicaba e a Faculdade de Odontologia de Piracicaba vinculada à Unicamp (Universidade de Campinas).
Entre as parcerias já sacramentadas pela CNH, estão a Horus Aeronaves, a Inceres (agricultura digital), a Cromai (visão computacional) e a Iotag (telemetria). “Temos uma máquina agrícola, por exemplo, que faz uma análise preditiva na colheita da cana de açúcar. Conseguimos descobrir que ela vai ter falha com 26 horas de antecedência. O CNPJ recebe os resultados, mas quem faz a inovação são os CPFs”, afirma Sérgio Soares, diretor de engenharia e desenvolvimento de produtos da multinacional.
Na avaliação de Soares, tratores autônomos já estão sendo criados e devem dominar a agricultura brasileira num futuro próximo. Por hora, o operador tem papel crucial para o setor agrícola, não só para conduzir o trator, mas para entender os dados gerados em campo. “Queremos usar os dados para transformar a máquina em um equipamento de maior desempenho”, destaca.
A paranaense Iotag, de telemetria para o setor agrícola, é uma das residentes do Pulse. Com um projeto para tratores conectados que capta informações em tempo real e identifica, por exemplo, o gasto excessivo de combustível, reduzindo o desperdício em até 10%, a agtech recebeu R$ 500 mil no início deste mês da Vivo.
“Fixamos um dispositivo no conector de diagnóstico da cabine para que os dados sejam processados. Com celular ou tablet, o usuário acessa os dados mostrados no painel da máquina em tempo real de qualquer local. E se não houver rede, os dados são acumulados para que sejam avaliados depois”, explica Jorge Leal, 40, CEO da startup, fundada em 2017.
Segundo o engenheiro elétrico, este ano a startup paranaense assinou dois contratos de fornecimento com a CNH Industrial e também está oferecendo 50 dispositivos eletrônicos para monitoramento de campo para a Raízen — negócios firmados por meio do Pulse. “Nosso objetivo agora é adaptar o produto para que ele caiba na estratégia da Vivo”, planeja ele, que gerencia o negócio entre Curitiba (PR), São Paulo (SP) e Piracicaba (SP).
Fonte: Gazeta do Povo